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5 de maio de 2012

Gamei: Fã conta sua primeira experiência com a banda Sigur Rós

Todo mundo certamente tem uma história sobre como conheceu sua banda favorita e inúmeras opiniões sobre seus trabalhos. Esse aqui é o espaço onde eu converso com quem está disposto a compartilhar todas essas experiências pra todo mundo. Conta aí: como você gamou na sua banda preferida?

Pra começar eu conversei com Wilson Freitas, bacharel em psicologia, 25 anos, e fã da banda islandesa Sigur Rós, que está com álbum novo no gatilho, Valtari, pronto pra ser atirado as lojas no dia 28 desse mês. Quem é fã da banda e de música, vale a pena conferir a entrevista:



GB: Como você conheceu Sigur Rós?
Wilson: Conheci Sigur Rós através de um dos meus melhores amigos: Bruno Amorim. Ele me apresentou a banda atravez de um CD com MP3 que ele gravou pra me presentear logo no início de nossa amizade. Lembro de colocá-lo pra tocar no meu som e dormir no sofá ao som do álbum Agaetis Byrjun. Foi paixão a primeira escutada.

GB: Sigur Rós marcou sua vida em algum momento importante? Que momentos você associa diretamente a músicas da banda?
Wilson: Sim, sim. Com certeza! Acho que Sigur Rós marcou muito a minha fase de maturação, de crescimento, orientação sexual, descoberta... O álbum Agaetis Byrjun que significa "Bom Começo" é muito simbólico pra mim. Acho que foi um "bom começo" recíproco.

GB: O que eu mais acho interessante é a delicadeza e o compromisso que eles produzem um álbum,  o tempo que leva para os estudos e a criação, e sem dúvida a ousadia de cantar em islandês que não é uma língua usual hoje em dia. Além de criarem uma língua para usarem nas composições e tudo mais. Nessa parte criativa, o que foi que mais te interessou quando você passou a conhecer mais sobre a banda?
Wilson: Eu acho fantástica a forma com que eles deixam cada álbum novo com uma personalidade diferente, embora nunca deixando de lado o modo Sigur Rós de ser. Eu achei incrível eles inventarem uma língua própria - Vonlenska - pra algumas canções. Acho muito interessante usar a voz como instrumento músical. Algumas pessoas criticam quando falo que escuto música estrangeira e muitas vezes sem saber o que está sendo dito. Acontece que música não é só palavra: é o ritmo, é a emoção pelas cordas vocais, é a ligação direta com o coração e acho que Sigur Rós consegue e muito se conectar comigo nesse sentido.

GB: Você acha que a música deles é inacessível?
Wilson: Acho sim. As pessoas estão acostumadas a escutar música apenas porque é a moda do momento, ou porque é legal pra dançar, pra ouvir bebendo algo. Ou porque é vulgar ou tem uma letra subsersiva. São poucos os que conseguem apreciar a música pelo que ela é, pelos arranjos dos instrumentos, a harmonia, sintonia, a sabedoria nas letras. Tem se valorizado mais instrumentos sintéticos, talvez um reflexo da própria industrialização das pessoas.

GB: Sigur Rós lançar um álbum inteiro fundido em muita abstração e música ambiente não é novidade pra ninguém. Desde "Von", o primeiro álbum deles, até "Takk...", que foi super bem notado pelos criticos devido ao sucesso comercial de "Hoppilolla" na cinematografia até "Valtari", o novo álbum, que já vazou. Na sua opinião qual é a boa sacada desse disco? O que você esperava?
Wilson: Eu realmente esperava algo mais minimalista depois do "Med sud i eyrum vid spilum endalaust", que foi bastante up. Acho que o "med sud" teve uma atmosfera bastante semelhante ao álbum solo do Jónsi. Valtari é o mais minimalista e ambiental. Ele lembra um pouco o que foi o "( )". Na primeira escuta eu achei muito parecido com o Riceboy Sleeps, álbum que o Jónsi e seu namorado Alex fizeram juntos. Mas isso já era de se esperar, pois o Alex participou da produção do Valtari, tem muito da personalidade dele com a da banda. O que é interessante, pois dependendo do meu estado de espírito as músicas podem exercer diferentes sentimentos. Se eu estiver triste, elas conseguem me deixar ainda mais pra baixo e se eu estiver feliz, elas esquentam meu coração. Eu evitei um pouco no início de escutar esse novo álbum, justamente por conta desses efeitos, mas agora já consigo apreciá-lo como merecido. Acho que a canção "Varud" é a que mais se destaca no álbum.

GB: Exceto essa faixa, quais outras você dá mais destaque?
Wilson: "Ekki múkk", "Rembihnútur" e "Daudalog"

GB: Qual seu álbum preferido do Sigur Rós?
Wilson: Já parei pra pensar nisso e acho que ainda não sei. Agaetis Byrjun e o Takk... são bastante parecidos, ao meu ver. Creio que são eles os que mais escuto.

GB: Você costuma ouvir outros artistas islandeses?
Wilson: Sim, sim. Björk, Múm, Mogwai, Amiina e Emiliana Torrini.

GB: E o que você sugere pro leitor que tá conferindo sua opinião aqui? Pode ser um filme, uma música, um álbum.
Wilson: Vou indicar algo do próprio Sigur Rós. Assim como eu comecei, seria um "bom começo" escutar o Agaetis Byrjun. Se você não conseguir gostar do álbum não gostará de nenhum outro. Indico o vídeo da música "vidrar vel til loftarasa" que é de uma beleza impecável.


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