“Quando eu tinha dez anos eu queria explorar o mundo. (...)
Eu não ia à igreja, nem precisava”, diz Sarah Cracknell, em “Over the border”, a
voz à frente do trio inglês Saint Etienne, formado por ela, Pete Wiggs e Bob
Stanley.
A razão de tal declaração não é explicita, mas nem precisa
ser. Em vinte anos de carreira Saint Etienne deixa claro que a sua religião é a
música. Depois de sete anos, finalmente, a banda inglesa dá as caras com um
novo projeto: “Words and Music by Saint Etienne”, que foi lançado hoje, 21 de
maio. Com um título claro e objetivo, e uma capa que acompanha um mapa musical
com nomes de músicas e memórias de cada integrante.
O compositor e tecladista, Bob Stanley, disse certa vez em
entrevista a revista Pitchfork que “é um álbum sobre música, sobre como a
música interfere na sua vida, sobre como ela pode definir a maneira de você ver o mundo como uma criança”. Além disso, Words and Music é álbum nostálgico, no
melhor sentido, onde nos identificamos com cada letra e mil lembranças musicais
vêm à tona a nossa cabeça.
Com Tim Powell a cargo da produção, “Tonight”, o single
carro-chefe, encontra-se com fragmentos de qualquer história de um fã por seu ídolo.
O sonho de um dia poder ver seu astro favorito em um show ao vivo. “Retoque sua
maquiagem. Cheque o relógio, pois a hora
não passa”. Pura nostalgia! Nostalgia essa que também é encontrada em “DJ”, que
é sobre como a música te inspira e te faz dançar. Alguém aqui já passou por uma
situação parecida? Posso apostar que sim!
“I’ve Got Your Music” tem o efeito que é justamente tratado
na composição. Da mesma forma que essa canção se encaixa no álbum , ela se
encaixa na sua cabeça se repetindo, grudando e dando voltas e voltas onde quer
que você vá. Uma música viciante! Tão viciante quanto “Popular” e “Last Days of
Disco” onde você é tomado pela energia e se deixa imaginar em um local escuro
apenas com um globo de discoteca pendurado no teto.
“When I was seventeen”, com batida eletrônica à lá Pet Shop
Boys, e sua companheira “I threw it all away”, com um tom folk music, quase um
resgate ao seu trabalho de 1994, Tiger bay, entoam-se como alguém que acha que
não viveu sua vida de maneira certa. Mas o recado é dado: carpe diem!
O álbum encerra-se com “Haunted Jukebox”. Aquele som “mal
assombrado”, aquela música que nos traz memórias especificas das relações,
sejam elas quais forem, boas ou ruins. Uma maneira bastante apropriada de
terminar um álbum rico com memórias de música - e com música.
“Words and Music by Saint Etienne” é a prova de que a música
pop ainda pode ser feita com boas mãos. É um álbum sobre música, como havia
dito, que contribue à música, feito por uma banda que contribue à cenal da
música há mais de vinte anos! Saint Etienne é a prova de que uma banda pra ter uma
considerável importância na cultura pop não precisa ser bem projetada no
mercado americano, vender X ou entrar em charts Y ou Z.
Você pode até julgar os integrantes como bem velhos ou
qualquer coisa parecida. Mas o seu entusiasmo pela música pop ainda permanece
intacto. Por fim, a música é sem dúvida o que eles sabem fazer de melhor.
Eles dizem “estar apaixonados por sintetizadores”. Não importa
se uptempo, midtempo, indie dance ou dance pop. O que é importa é que nesse
álbum é encontrado modernidade, variedade, polidez e excitação em um caso de 13
canções. De “Over the Border”
a “Haunted Jukebox”, Words and Music by Saint Etienne é um presente!
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